domingo, 29 de março de 2009

HISTORIA DA FOTOGRAFIA NO INICIO DO SÉC.XX (NA EUROPA E ESTADOS UNIDOS).

Nesse Blog procuramos traçar um panorama da história da fotografia do inicio do século XX, até aproximadamente os anos 1920, ensejando um estudo contextualizado e ilustrado, como forma de apreender e gerar conhecimento produzindo um meio de pesquisa prático e resumido com base na literatura atual.
Considerando a História do Mundo e a História da Arte, as primeiras décadas do seculo XX, foram assinaladas por registros marcantes para a humanidade.O anuncio da Teoria da Relatividade Einstein (1905) _ também a primeira exibição fovista Die Brucke é fundada;Terremoto que abala São Francisco (1906); Picasso funda o Cubismo (1908);Kandinsky pinta o primeiro quadro abstrato em 1910 e os futuristas lançam manifesto;Primeira Guerra Mundial (1914); começo o Dadaísmo (1916);Fundação da Bahaus (1918);Mulheres dos EE.UU votam (1920) – Surrealistas lançam manifesto.
Todos esses fatos, refletiram nessas decadas muita conturbação,em todos os níveis: científico,social,político e , cultural.
A arte passou a ser muito convulsiva,um estilo sobrepunha o outro com muita rapidez.Nesse século, ela produziu a ruptura mais radical com o passado, levando a extremo o que Coubert e Manet iniciaram no seculo XIX_ retratos da vida contemporânea e não eventos históricos.
Diante dessa filosofia de rejeição ao passado,chamada Modernismo, havia a busca incessante de uma liberdade radical de expressão. Livres na necessidade de agradar os mecenas, os artistas elejeram a imaginação e experiências individuais, a unica fonte de arte. A arte se afastava gradualmente da pretensão de retratar a natureza, em rumo a abstração, em que dominam as formas, linhas e cores.
Ela não só decretou que qualquer tema seria adequado, mas também libertou a forma das regras tradicionais(como no Cubismo) e livrou as cores da obrigação de representar com exatidão os objetos. (no Fovismo).
Assim também, a fotografia, não poderia ser diferente.Inicia o sec XX em plena ascensão e desenvolvimento tanto no que se refere ao equipamento fotográfico quanto a quebra de estilos convencionais. As experimentações na busca de uma matriz para reprodução da fotografia, durante e no final do século XIX, do uso de negativo em colódio a emulsão de gelatina em papel flexível até chegar aos filmes em rolos em vez de suportes de vidro.O início do sec XX persistem os fotógrafos de retratos, agora mais elaborados, surgem os interessados em fotografar construções, pessoas do cotidiano, como Eugène Atget, começam a surgir os estilos, as preferências por certos temas , como as fotogravuras de Alvin Langdon, e a fotografia direta de Paul Strand. Além destes houveram os que fizeram fotografia de registro como Arnold Genthe, nas fotografias do terremoto de São Francisco em 1906. Lewis Wickes Hine, também considerado grande fotógrafo documental e social da América, fotografou crianças em trabalhos de minas e fabricas de carvão. e no ano subseqüente, a Child Welfare League denunciando o trabalho infantil. Mudou a sua ênfase de uma documentação clara e objetiva de emoção para um estilo mais interpretativo de fotografia. August Sander considerado o pai da fotografia de retrato, fotografou pessoas, de um modo particular contribuindo para o reconhecimento da fotografia como arte. Ocorreram ainda os que se interessaram por cenas em movimento como Jacques-Henri Lartigue, que no final de carreira inaugura a fotografia de moda. Fotografias de nus também foram exploradas nesse período do sec XX, com por exemplo, Wilhelm Von Gloeden e seus retratos de jovens do sexo masculino em poses antigas clássicas, tirados ao ar livre.Por fim fotógrafos como, Alexander Rodchenko, Man Ray, László Moholy-Nagy, El Lissitzky, que trouxeram para a história da fotografia, uma potente carga de experimentação e criatividade. Man Ray , considerado um dos pioneiros mais importantes da fotografia contemporânea, abre em seu trabalho, novos caminhos em relação principalmente a experimentação e marca o reconhecimento da fotografia no contexto artístico. László Moholy-Nagy, um dos pioneiros inovadores da fotografia do sec. XX. El Lissitzky, um dos artistas mais notáveis da vanguarda russa na fotografia, que contribuiu significativamente para a implementação e disseminação de idéias construtivistas e de supremacia. Foi um experimentador no campo da fotografia, desenvolvendo fotomontagens e fotogramas.

Eugène Atget (França) 1857 –1927

Eugène Atget , usava para fazer suas fotografias, uma máquina de madeira de 18 x 24 cm. Em Paris, fotografava velhos edifícios, vendedores de rua, elementos de arquitetura e edifícios em demolição. Passou a partir daí a incluir os subúrbios. Produziu fotografia para servir de motivos aos pintores, em 1921 tirou retratos de várias prostitutas da Rua Asselin para o pintor André Dignimont.





Vaso no jardim do castelo, cerca de 1900.Impressão a gelatina




Espartilhos, Boulevard de Strasbourg, Paris, 1905
Impressão a gelatina e brometo de prata

Paul Strand (USA), 1890-1976

Começou a produzir fotografias abstratas em 1915. Confere um estilo próprio, chamado “fotografia direta”* (a orientação tradicional para a pintura foi substituída por uma exploração de si do que é genuinnamente fotográfico onde o encanto se encontra frequentemente no mundano, numa estrutura ou na sombra do mundo das coisas, em encertos e ritmos. Seus trabalhos abrangem quase todos os temas incluindo retratos, imgens documentais, paisagens e fotografias de plantas além de arquitetura, máquinas e locais industriais.
*Fotografia direta - imagens feitas pelo contato direto da câmera com a realidade, sem intervenções no laboratório ou na cópia. (http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_IC)



Abstração sombras de uma varanda, 1916. (gravura manual)



Natureza morta, pêra e tiigelas, cerca de 1915

Alvin Langdon Coburn (USA)1882-1966

Integrante da geração de fotografos responsável pela mudança da arte pictórica do seculo XIX para o estilo da fotografia de orientação vanguardista.
Em 1902, abriu seu próprio estúdio em Nova Iorque. Por intermédio de Alfred Stieglitz, publicou na revista Camera Work, algumas das suas fotografias e fotogravuras. Convivendo com os amigos de Stieglitz, familiarizou-se com as tendências vanguardistas da arte, buscando assim, novas formas de expressão com a fotografia. Fez experiências com perspectivas e desenvolveu interesse por estruturas e formação abstrata.
Em1912, na Grã-Bretanha, fez contatos com membros do grupo de cubistas ingleses denominados “Vorticistas”, surgindo daí,inspiração para os “Vortographs” de Coburn, ,em cuja fragmentação cubista das formas, usou prismas refletores. Sua carreira ficou também famosa pelos retratos de personalidades famosas contemporâneas, publicadas entre 1913 e 1922, nos volumes Men of Mark. MBT.









A ponte de Ipswich, cerca de 1904
Fotogravura.










Catedral de São Paulo do Ludgate Circus, Cerca de 1905.
Fotogravura.

Genthe Arnold ( Berlim) 1869- 1942.

Fotógrafo de retratos, em 1906, por ocasião do terremoto de São Francisco, perdendo o seu espólio fotográfico, passou a criar documentação acerca das conseqüências do desastre. Suas fotografias e as de Chinatown em São Francisco, são hoje de grande relevância para a história.Dedicou-se também à fotografia de dança, em especial a bailarina Anna Pavlova




São Francisco, Tremor de terra (1906)
Impressão à gelatina e brometo de prata.

Hine,Lewis Wickes

Representante mais notável da fotografia documental social da América. Começou a fotografar em 1904, Percebeu a importância da máquina fotográfica tanto para suas pesquisas como para a avaliação das descobertas daí resultantes. Em 1908 fotografou crianças em trabalhos de minas e fabricas de carvão. e no ano subseqüente, a Child Welfare League denunciou o trabalho infantil, através desses registros.
Em outras viagens pelos EUA, fez registros sobre as condições sociais das crianças. Ingressou em 1918 para a Cruz Vermelha, indo para a França. Mudou a sua ênfase de uma documentação clara e objetiva de emoção para um estilo mais interpretativo de fotografia. O seu nome era agora publicado como “Lewis Wickes Hine, Fotografia Interpretativa”. Com registros de trabalhos operários, buscou mostrar que não era a máquina, mas o homem que criava afluência. A Hine em 1930 coube a incumbência de documentar o projeto de construção do Empire State Bulding.As imagens vistas pelo fotógrafo como “Interpretação Industrial”são provavelmente as suas fotografias mais famosas.








sem título, 1910










Jovem garota operando maquinária em North Carolina textile mill, 1908.

August Sander (Alemanha) 1876-1964

Em 1904 August Sander cria seu Studio de fotografia artística e pintura. Iniciou seu trabalho: “pessoas do século XX” que o manteve ocupado até 1950. Retratos estes que contribuíram para o reconhecimento da fotografia como arte. Considerado um primeiro exemplo da arte conceitual que também influenciou o desenvolvimento das artes criativas. Permanece como o fotografo alemão conhecido mundialmente no século XX.
Pai da fotografia de retrato “ Every person's story is written plainly on his face, though not everyone can read it.” August Sander




Bricklayer, 1928



Farmer, 1910



Jovens agricultores em fato de domingo, 1913
(impressão a gelatina e brometo de prata)

Jacques-Henri Lartigue (França) 1894-1986

Seus primeiros espontâneos em ação relatam de 1904. Ficou fascinado com a possibilidade de parar o movimento numa imagem. Outro tema foi sua paixão por aviões. Em 1911 criou instantâneos de todos os tipos de aviões e alguns pioneiros da aviação. Já em Paris, em 1911, descobre o mundo excêntrico da moda, cortesãs, senhoras mundanas e atrizes passam a ser seu tema predileto. Torna-se um cronista fotográfico da sociedade e vida cultural, iniciando pela Belle Epoque e art déco.




Delay grand prix, 1912 (impressão a gelatina e brometo de prata)



Bois de Boulogne, 1911 (impressão a gelatina e brometo de prata)




Zissou a voar, 1910 (impressão a gelatina e brometo de prata)

Gloeden, Wilhelm Von Alemanha (1856-1931)

Estudou historia de arte em Rostock e pintura em Weimar.. Viveu em Sicilia, na Itália nos anos de 1877 e 1878, onde estudou fotografia, estabelecendo-se mais tarde como fotógrafos de retratos e de nus. Fotografou jovens do sexo masculino em Taormina, em poses antigas clássicas, e tirados ao ar livre . Interessou-se em 1880 por paisagens e cenas típicas para postais. Passou a ser conhecido internacionalmente no final do século XIX. Fotografou em 1908 o terremoto na Sicilia e na Calábria.
Por ocasião da Primeira Guerra Mundial, se viu obrigado a abandonar Taomina, por quatro anos. Teve suas fotografias condenadas como obscenas e destruídos a maioria dos negativos de vidro e impressões nos anos trinta, depois de sua morte.








Dois jovens sicilianos sentados, cerca de 1900

Man Ray (USA) 1890 – 1976

Um dos primeiros pintores abstratos dos Estados Unidos. Após manter contatos com as vanguardas européias em 1915, volta-se para a fotografia trabalhando como fotografo independente. Co-fundador do grupo Dada de NY (1917). Trabalha junto com surrealistas em Paris em 1921
Considerado um dos pioneiros mais importantes da fotografia contemporânea. Seu trabalho abre novos caminhos em relação principalmente a experimentação. Marca o reconhecimento da fotografia no contexto artístico.





Self-Portrait Assemblage, 1916







Clock Wheels, 1925

Alexander Rodchenko (Russia) 1891-1956

Um dos principais artistas da vanguarda russa junto com Kassimir Malevich e Vladimir Tatlin. Entre 1922 e 1924, voltou-se paras fotomontagens relacionadas com a arte dos posters e livros. Ilustrador da poesia de Vladimir Maiakóvski onde tenta criar um uma imagem visual dos versos estabelecendo uma relação única entre a fotomontagem e a forma construtivista.




A crise, 1923 (fotomontagem)




Retrato da mãe, 1924 (impressão a gelatina e brometo de prata)

László Moholy-Nagy (Hungria) 1895-1946

Considerado um dos pioneiros inovadores da fotografia do sec. XX. Seus primeiros desenhos de giz e a tinta datam de 1915 durante sua estada em um hospital militar .Estabeleceu contato do o grupo “Sturm” dadaísta e construtivista. Torna-se famoso graças a seus fotogramas de 1922. Esteve na Bauhaus em 1923, onde passou a ser representante dessa forma de expressão.
Moholy-Nagy tentou aclarar a relação entre pintura e a fotografia promovendo uma separação clara entre as duas formas de expressão. Enquanto considerava a pintura como forma de criação com cor, usava a fotografia para a observação e representação do fenômeno da luz. Para ele a fotografia não era sobretudo uma ferramenta auxiliar para intensificar a visão humana como acontecia frequentemente nos anos vinte, mas um novo meio artístico. Aplicou o termo escultura ou relevo fotográfico às suas montagens. Percebia-as como “ compostas de diferentes fotografias, um método para testar a ilustração simultânea.. Todavia, conseguem contar histórias ao mesmo tempo, concretas, mais fiéis a vida, do que a própria vida”.


Fotograma, 1924
(impressão a gelatina e brometo de prata)




Militarismo 1924 (Fotomontagem)




Uma galinha é uma galinha, 1925
(impressão a gelatina e brometo de prata)

Edward Weston (USA) 1886-1958

Fotógrafo Pioneiro da “fotografia direta”norte americana. Inicia carreira como fotógrafo de retratos. Em seu estúdio já na California, 1911, trabalha sobretudo com a lente focal difusa ao estilo da arte pictórica pintada. Uma mudança em seu trabalho ocorre entre 1921 e 1922, com experiência com motivos abstratos, ângulos de observação, e condições de iluminação invulgares. Fotografou fragmentos de rostos e nus com técnicas de foco variável. Em 1922, com suas fotografias industriais, marca mudança em seu estlio, a partir daí, fazendo fotografias precisas, pormenorizadas e nítidas, sob influência de Alfred Stieglitz e Charles Sheeler e Paul Strand. Em 1924, em contato com Diego Rivera e Frida Kahlo, faz retratos, nus e imagens de naturezas mortas. Dedica-se inteiramente aos primeiros planos.Representou texturas das superfícies , nuances e tons de preto e branco sobre papel fotográfico com qualidade tátil.
Seus primeiros retratos foram inspirados no construtivismo e datam de 1918-1922.
Chambered Nautilus faz parte de uma série de trabalhos modernistas, de natureza antropomórfica.




Chambered Nautilus, 1927 (impressão a gelatina e sal de prata)

Boris IIgnatovich (Russia) 1899-1976.

Editor jornalístico de jornalista em Moscou, 1918, Boris IIgnatovich, buscou a fotografia em 1923, com temas de aldeias. Junto com Alexander Rodchenko, o qual o influenciou em seu trabalho, fundou a secção de fotografia do “Grupo de Outubro”. Fotografava em ângulos de visão não convencionais, descobrindo assim uma nova forma de olhar o quotidiano. Buscava novas perspectivas em vistas aéreas como sobre as Chaminés e fábricas de um complexo industrial de Leningrado, onde pode ver a arquitetura representada como uma composição abstrato-construtivista.





Hermitage, 1929
Impressão a gelatina e brometo de prata

Eremin Yuri Moscovo

Fez inúmeras fotografias impressionistas poéticas nos anos 1920. Membro da revista fotograf, publicada entre 1926-29, Eremin pensava a fotografia como arte criativa. Preferia lentes difusas e técnicas de bromóleo, assumindo estilo contrário as vanguardas russas. Inspirou-se em cenas de cidade em suas viagens pela Russia e Europa ocidental.
Na fotografia, Rua em Buchara com camelos, “ Eremin documentou a atmosfera oriental do sul da Russia. Uma vista de uma rua através de uma arcada à sombra, ele conferiu um encanto especial à imagem: as figuras escurecidas e a porção da arcada em primeiro plano criam um contraste com o fundo brilhante inundado de sol, realçando a impressão de profundidade da fotografia”





Rua em Buchara com camelos, 1928
(impressão a gelatina e brometo de prata)

El Lissitzky, (Moscovo) 1890-1941

Nos anos 20, El Lissitzky foi um dos artistas mais notáveis da vanguarda russa na fotografia, como intelectual inovador, contribuiu significativamente para a implementação e disseminação de idéias construtivistas e de supremacia. Tornou-se famoso pelo projeto “Proun” que “afirmava o novo”. Fez experiências no campo da fotografia desde o início dos anos 20 interessando-se por fotomontagens e fotogramas. Dispunha objetos do cotidiano, como colheres, alicates, óculos guardanapos de renda, sobre papel fotográfico. “A linguagem da fotografia não é a linguagem do pintor e a fotografia possui propriedades que não são acessíveis aos pintores.. essas propriedades são intrínsecas ao próprio material fotográfico e devem ser desenvolvidas se a fotografia quiser se transformar em arte, num fotograma”.






Composição com colher, cerca de 1924


Composição com alicate, 1924

A FOTOGRAFIA NO BRASIL NO INICIO DO SEC,XX.

“A fotografia no inicio do século XX já havia cumprido o papel revolucionário em termos de disseminação maciça de imagem do mundo. Imagens, todavia, de realidades fragmentárias, selecionadas segundo a visão de mundo de seus autores e editores. Registros de realidades parciais, não raro deformantes em relação ao contexto mais amplo, e que em função disto estabeleceram conceitos e preconceitos no imaginário coletivo. Neste processo o homem se viu cativo da imagem fotográfica, “vicio” do qual não poderia jamais prescindir.”


Boris Kossoy

Expansão fotográfica no Brasil:

Nas três primeiras décadas do novo século, a fotografia teve como cenário principal, as cidades costeiras, em especial Rio de Janeiro, seguindo-se Recife e Salvador, por representarem portos tradicionais, através dos quais se faziam a exportação de matérias-primas produzidas no Pais e praticavam a importação de produtos manufaturados, contudo, outros profissionais da área atuavam de forma amadora por diversas partes do pais, são os fotógrafos que passaram despercebidos, e os anônimos, cujos registros assinalaram uma época, estilo de vida , uma cultura .

A fotografia como ferramenta nos trabalhos de documentação.

Objetivos:

Ø Levantamentos da Comissão Geográfica e Geológica, sobre a chefia do engenheiro João Pedro Cardozo pelo interior de São Paulo;

Ø Registro de trabalhos dos peões da Indústria Madeireira, o embarque da madeira pela estrada de ferro, etc., documentário de cunho histórico e social feito pelo fotógrafo Wischeal, no Paraná.

Ø Registros sobre as transformações urbanas destacando-se os fotógrafos Augusto Cesar Malta dos Santos no Rio de Janeiro e F. Du Bocage em Recife.

O foco do trabalho desses dois últimos profissionais era registrar trabalhos de demolição, obras em construção e vistas das referidas cidades. Acredita Boris Kossoy, que F. Du Bocage, também tenha sido contratado pela administração da cidade, para fotografar obras em demolição, além de vistas panorâmicas, tal qual fez o Malta.

Augusto César Malta dos Santos - Alagoas- 1864-1957

Fotógrafo alagoano documentarista do Rio de Janeiro, registrava temas como, construções e edificações em demolição, exposições, cenas cotidianas realçando os costumes da época, as ruas, os sistemas de transportes, documentando e realçando inúmeros aspectos da vida social carioca das primeiras décadas do século. Suas fotos foram utilizadas para o filme Rio Antigo, produzido pelo INC e dirigido por Eduardo Ruegg.
Sobre seu álbum impresso com vistas do Rio de Janeiro em 1911, comenta sobre as dificuldades de impressão no país, no que diz respeito à qualidade, naquela época. “Tentámos uma vez, a impressão das nossas photographias na Europa, porque, infelizmente, em photomecanica, estamos atrasados, embora algumas casas trabalhem com regular perfeição...”.
.Malta foi também um fotógrafo preocupado com o registro instantâneo, face à abordagem direta. Utilizando seus instantâneos sobre o Carnaval e cenas cotidianas, Malta inaugura o fotojornalismo brasileiro.







Marujos norte-americanos observando no Mangue, 1908.
Reprodução da obra de C,J,Dunlop, Rio antigo.Rio deJaneiro, Laemmert, vol.II.





Bonde da estrada de ferro Jardim Botânico - Largo da Carioca. Rio de Janeiro 1904.






Av. Central (atual Rio Branco) Rio de Janeiro 1905.





Estrada de Ferro do Corcovado. Rio de Janeiro1906.






Vista aérea do Rio ( ainda sem o bondinho vemos o Pão de Açucar.) Rio de Janeiro. 1906.





Estada de ferro Corcovado, carro plano e locomotiva. Corcovado. Rio de Janeiro, 1907.




Av. do Mangue. Av. do Mangue. Rio de Janeiro, 1908





Vista do Pão de Açúcar e HMS "EAGLE" no primeiro plano. Baía de Guanabara. Rio de Janeiro. Cerca de 1926.






Double deck bus. Rio de Janeiro. 1927 circa

Valério Vieira- Angras dos Reis (1862-1941)

Fotografa o vale do Paraíba, Ouro Preto e em São Paulo permanece como retratista. Tornou-se um dos fotógrafos mais conceituados da capital paulista. Explorou as possibilidades da câmara de forma criativa, destacam-se sua fotomontagem “Os 30 Valérios” e “Os Panoramas “ da cidade de São Paulo, um desses apresentava 12 m de comprimento, foi premiado pela Exposição Nacional de 1908.



Com “Os 30 Valérios” - c.1900
Fotomontagem por Valério Vieira, São Paulo,
Valério Vieira recebeu em 1904, medalha de prata na Feira Internacional de Saint Louis (EUA) pelo auto-retrato “Os 30 Valérios, o qual representa um festivo ambiente em que se vê uma pequena orquestra em atividade sendo apreciada . Todos os personagens da orquestra são o próprio Valério, até mesmo o busto sobre o móvel e os retratos dispostos na parede ao fundo.

Guilherme Gaensly- Suiça (1884-1928)

Considerado o mais importante fotografo da paisagem urbana e rural de São Paulo, quando da passagem do secúlo XIX para o XX,imagens de sua autoria foram largamente reproduzidas em publicações brasileiras e estrangeiras, porém seu nome pouco era citado nessas publicações, excetuando à dos cartões postais editados por ele próprio, na época. Juntamente com Augusto Malta, documentou os trabalhos ligados à eletrificação da então capital da República, como a introdução dos bondes no transporte público urbano, entre 1900 e 1930.



Cartão postaldo início do século: “São paulo – Colheita de café”
ColeçãoBoris Kossoy, São Paulo.
Registro do trabalho do colono imigrante nas fazendas de café no interior paulista.






Rua 15 de Novembro. São Paulo. 1902 circa.





Bonde elétrico para transportar farinha. São Paulo. 1905.






Rio Tieté - Clube de Regatas. Rio Tietê. São Paulo. 1905 circa.





Jardim da Luz. Jardim da Luz. São Paulo. 1906 circa.





Monumento do Ipiranga - Museu do Estado. Ipiranga. São Paulo. 1906 circa.








Rua Direita. Rua Direita. São Paulo. 1916.


Francisco du Bocage- França ( ? )

Foi o mais importante nome da fotografia pernambucana na virada do século XIX. n o Brasil passou a atuar como fotógrafo em Recife. Buscava sempre manter o alto padrão estético de seu trabalho, a ponto de se auto-intitular "photographo-artista" no carimbo seco aposto às suas imagens. Seu nome aparece pela primeira vez na imprensa recifense em 1892.
A Bocage se deve importante coleção de vistas urbanas e dos arredores do Recife, vistas essas que deram origem a uma série de cartões-postais. Tudo indica que tenha sido contratado pela administração municipal para a documentação das obras do porto do Recife. Incluem-se neste conjunto aspectos de demolições e vistas dos cais Martins de Barros, entre outras obtidas em chapas de vidro de formato panorâmico aproximado de 7,5 cm x 24 cm.

Cais Martins de Barros”, Recife,c.1910
Fotografia atribuída a F.du Bocage.
Reprodução de uma cópia do negativo original

Demolições no bairro do Recife. Recife, c,1910
Fotografia atribuída a F.du Bocage.
Reprodução de uma cópia do negativo original.
Coleção Secretaria de Educação e Cultura do Município do Recife.





Carioca, do Rio de Janeiro, é um dos pioneiros da fotografia no Brasil. Estudou em Paris (1859) e voltou ao Rio onde trabalhou com o gravador e litógrafo com George Leuzinger. Aprendeu a fotografar com o engenheiro e botânico Franz Keller e fundou sua própria firma, a Marc Ferrez & Cia (1864). Integrante de uma expedição científica da Comissão Geológica do Império do Brasil, quando fotografou pela primeira vez, em plena selva, os índios botocudos (1875). Participou de várias exposições internacionais e teve algumas obras premiadas.
Retratou cenas dos períodos do Império e início da República, entre 1865 e 1918, sendo que seu trabalho é um dos mais importantes legados visuais daquelas épocas. Recebeu D.Pedro II o grau de Cavaleiro da Ordem da Rosa (1885) por ter sido professor de fotografia da princesa Isabel e, por seu trabalho artístico Marc Ferrez foi o único profissional de fotografia que recebeu o título de "Photographo da Marinha Imperial", em 1880.
Suas obras mostram o cotidiano brasileiro na segunda metade do século XIX, principalmente da cidade do Rio de Janeiro, capital brasileira na época. As fotos da floresta da Tijuca, da praia de Botafogo, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, da ilha das Cobras, focadas nas imagens urbanas de uma cidade que começava a se expandir, num período anterior à reurbanização empreendida pelo prefeito Francisco Pereira Passos, no início do século XX.



Tijuca, Rio de Janeiro 1900



Bilhetes postais da casa Marc Ferrez 1906 e 1900





Cedula de 100 mil reis do tesouro nacional 1907



Av. Central Rio de janeiro 1910

BIBLIOGRAFIA


· Fotografia do Século XX, Taschen, Museum Ludwig de Colônia, 2005.
· Dubois,Philippe., O ato fotográfico, 8a Ed, Ed, Papirus, 2004.
· Kossoy, B., Fotografia e história, 2ª Ed.,Ateliê Ed.,2001.
· Kossoy, B., origens e expansão da fotografia no Brasil, sec XIX, RJ, FUNARTE, 1980.
· http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_du_Bocage
· Brascan – Cem anos no Brasil, http//acervos.ims.uol.com.br
· Ferrez, Marc., Ed. Cosac& Naify,2002

. Strickland , Carol- Arte Comentada, Rio de Janeiro, Ediouro,7ª Ed,2002.